Já fazia 30 dias e os tapas não vinham.
Ele fazia usar saia sem lingerie, chegou a rasgar sua calcinha preta de estimação, a chamou de potranca enquanto a apoiava na beira da cama, já fez dela 'comida' no estacionamento do restaurante..., mas os tapas nunca chegavam.
Era a triste saga de Alice.
Não chegava a ser a mais famosa da cidade cinzenta, mas era bem conhecida na Av. Trajano. Conhecia bem a maciez e os por MAIORES do vicking (que vivia de ácido e amores líquidos); bocejava ao lembrar da falta de criatividade e fôlego do professor vegano que se fazia de moderninho; abria um sorriso no canto dos lábios enquanto olhava para o tarado (que ela conhece tão bem) e que mantem relações com uma albina frígida. E, sentada na esquina, falava de performances, barbas e demais pêlos corporais estratégicos com um affair de anteontem.
Depois da segunda cerveja dividida foi que começou a pensar: "Eu nunca demorei tanto pra apanhar". Não sabia se gostava mais de ter a pele branca do corpo marcada ou da feição de dor dos barbudos que a dominavam e batiam, mas a falta de tapas estava tomando conta de seus pensamentos. O último barbudo (o do terno e gravata) a deixou pensativa: por que ele não me bate? Dizia que era o homem de quatro centenas de mulheres, das mais carnais às retraídas; que 'dava conta' da noiva alemã ao mesmo tempo em que se distraía com as moçoilas interioranas e com as mocinhas da cidade - todas carentes de sexo.
Seguidos trinta dias, a agonia de Alice já atingia o ápice e, enquanto André a fode (e sussurra em seu ouvido que ela era a melhor dentre todas) ela grava a unha em suas costas, cola a boca em sua orelha e suplica com voz rouca: "Me bate". André, ofegante, responde: "Nunca senti tesão ao bater em mulher". Após a resposta, Alice ergue as mãos e marca com um tapa o rosto de André - vai saber se como castigo pela resposta mal criada ou para saciar seu fetiche na dor.
Depois de travesseiros arremessados, algumas posições e jatos de porra, resolvem apagar as luzes, fechar as cortinas, dormir.
Alice, como de costume, acorda antes, sai preguiçosa e silenciosamente da cama, vai em busca das roupas. Veste-se com pressa e, antes de fechar a porta do quarto pela última vez, observa o sono pesado de André e pensa:
"Prefiro os tapas"
...
Ass. Branca
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Ass. Branca