Na primeira propriedade sua (o nome) um início de contradições.
Eu olhava praquela pele limpa, praquela sempre superfície (pois nunca gostou de usar roupas exageradas ou maquiagens) e via um fundo vasto, abismo em falta que logo seria preenchido por imagens de sexo. Eu? Nunca me deitei com Lívia, se é o que desejam saber. Nem nunca a beijei, nada. Lívia preenchia-se por sexo, pois era assim e somente então que passava a existir.
Lívia era doce e má, e era bela e forte, e era casta e vil, e era sincera e mística em suas resoluções. Lívia era o chão onde qualquer homem (ou mulher) se queria pisar, chão que em falsetes dobrava quando o mais duro pó de seu firmamento era de um súbito transformado em – pó – assim – simples em seus desarranjos.
Nos momentos ínfimos em que se distraía, porém, Lívia voltava a se fazer oca (nunca vazia! Por favor, por Deus, me entendam!). Oca, pois sentia naquela mulher uma falta impreenchível, uma falta que é permitida a apenas alguns poucos seres: o crescer dentro de si, aprofundar em abismos próprios, o fazer-se neste rito de covas um Eu cada vez mais profundo – e Lívia? Em cada descuido, sem querer ia se tornando imensa: uma (minha) gigantesca imagem de sexo.
Então era isso.
É como a lembro:
Vazio dela dentro em mim, coito nosso nunca firmado.