segunda-feira, 24 de março de 2014

A metástase dos seres
ou
Neórficos




Isto se encerra aqui.

E algo mais que nossos corpos, quisesse ela o contrário, haviam se dividido em quintos (quinas e cantos) quando voltei.

Um destes quintos estacionou no jardim, o lugar dos não-ditos e por ali ficou. Às vezes passo por estes cantos – ao vagar de moto (pois ainda a possuo), ao visitar sem querer nossas flores. Parecem-me cinza (eu penso), mas atento observo e vejo cores. Prostrado junto às crianças que gritam, que brincam em seus eternos balanços além do rio, observo. Em mim pousa, então, a aliança que neguei (com orgulho), porém nunca guardada em rancores. “Tampouco e tão pouco carinho me deu” (Alyssia. Alyssia falando, Alyssia ferindo minha carne), aí me esqueço.

Dois quintos viajaram comigo ao oriente (onde não encontrei os negros e mouros que por lá busquei); rincão a carregar-me no mar e estacionar em desertos suas patas – pacatas regiões de um mundo abissal (meu). Dois. Dois universos sem astros, dois quintos perdidos a prêmio e peles brancos.

(lembro-me que você havia perguntado “quando volta?”, queria de mim naquele oriente longínquo a segura morada, o schéol para que seu espírito pousasse até o retorno do Deus Único – Eu)

Os quintos restantes, quintos do inferno, perderam-se feito poeira a doer. Dor física dos pés inchados (no mito), mordidos pelos dentes de prego de um cão (do Cão): meu diabo, único espírito a vasculhar os olhos (para trás, sempre para trás, ele dizia).

Então voltei.

Sim. E depois de todas as mulheres e homens procurei novamente Alyssia e ela era uma serpente. Havia descido ao Hades e renascido entre silvos quando cuspiu: “olha quem vem lá, olha quem vem ter comigo a tempestade”, aí? Abriram-se-lhes as pernas. Devorei, sim, porém de Alyssia apenas sua pele escamosa, seu escorregar rasteiro, seu externo esqueleto. Foi o que ela me deu, o que meus olhos a viram conceder. Temia seus beijos, evitava bifurcada língua, mas nunca, por sagrado que fomos, nunca ela me envenenaria.

Quintos e quinas e cantos foi nosso amor.

Que palavra mais tola, que convicção mais forte e entrementes (a minha e a dela, quem sabe).



Isto se encerra aqui, ainda lembro que disse, ainda lembro que vivo às cinco pontas quando, então, nos demos as mãos caminhando.

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