sábado, 27 de março de 2010

Puppeter



Ah, foi um papelão dos bons… Tenho cá minhas certezas sobre a vida, mas. Quando terminei com Alyssia, o pano de muita história se desenrolou. Não meu, talvez nem mesmo dela (há mais de cinco anos). É incrível como se entortam as raivas, os vícios num filtro que lê o mundo e se inverte. Não há como deixar de rir - hoje. Era um estado de glória, provocação, não sei (ou como se fizesse mal sentir-se bem). Em um amanhã distante sei que me arrependeria, mas não fiz caso desta alienação, das palavras que corroeram meus atos (a raiva que eu viria sentir por tê-la feito sentir raiva).

Sentou-se ao meu lado, rota, suja; havia decidido em seu íntimo que ela era pior, que nós era menos. Quis por seu próprio mérito sentir-se inferior às outras e aos outros que amei, pois tomou para si uma lápide prévia e naquele lugar - o jardim da horas - enterrou sua própria porção de mim.
Por mais de uma ano havíamos guardado lembranças, mesurado descuidos, ponderado e revolvido em nossos estômagos palavras. Prontas-copiadas, então, elas algumas foram saindo: 

“um amor só se acaba em outro de igual ou maior porção prevalece” 
“vá, por favor. Não te quero - como seu a mim restasse uma escolha” 
“desentendo aqueles que me tem demasiada paixão, anima (lê-se ànima)” 
(essa última, o pastiche dos pastiches).

Eu (o cachorro) que ela irá se demorar em memórias e lembranças:
- porque me amou como pensou que eu fosse.
- porque me odiou pelo que pensou meu ser.
e terá ainda em nossa presença (em seu devido tempo), meu corpo, sem que nunca me torne, porém, o que ela deseja (por ódio, amor, contemplação ou mesmo como um imbecil - figura mágica a representar seus próprios erros). Foi por isso que eu disse, sem nenhum movimento torto de boca: se vá. Ah, o peso das palavras, agarrando em nossos calcanhares e movendo-nos para cima e para baixo, uma gangorra, para a lama e para os céus (ela e eu). 
Quando se está enraivecido, no cúmulo irracional da paixão, não se vêem as verdades e isto todos sabem (não se vê, inclusive, a beleza que do mundo se desprende); não enxergamos razões que não a violência do ato, do espasmo, do apego imediatista.
Éramos vício.

Quantas outras mulheres e homens haverão de nascer e haverão de provar desta frágil e maravilhosa idiotice? Creem, vocês que amam sem parâmetro, na culpa? “valerá e será e viverei e me regozijarei e merecerá e criará e serei esse instante da paixão, pois isto é o motivo de minha vida, o correr”, então você escorregará e cairá e se humilhará e protestará e se deixará morrer aos poucos pelo (possível) erro, pela vontade desesperada, pelos postulados secos que a fúria o fez verter num momento de êxtase. 
Foi o mesmo com Júlia, Marília, Marcos, Carmella, Katiushia, tantos. Todos - sem exceção - caídos na palma de um eu intruso e desprovido de sentimentos, de um babaca alienado, porco e sujo, mas... por quê tanto me amaram?
Não só por tê-los fodido tão bem, acreditem. Muito menos por ter conseguido mentir-lhes como um encantador de serpentes e vulvas - jogador perfeito; a vida nos prazeres, amores.
(que grande fingidor seria eu, não? Para mentir até no sono, no abraço gostoso ao teu lado, no olhar singelo, no imprevisto toque de pele que roçavam os corpos).

Não fosse meu tipo próprio e inconfessável de amor, estaríamos todos mortos agora.



Introdução do filme Being Jhon Malcovich onde o protagonista é um Titereiro.
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Gael

4 comentários:

  1. será q estariam vivos?
    todos assumimos riscos qndo nos apaixonamos por alguém, e mais ainda qndo passamos a amar, se é q não amamos primeiro e vamos nos desapaixonando depois. mas viver requer riscos, sem isso [eles, os riscos] não há vida.
    bjs

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  2. Ola! visite o SEXIMAGINARIUM vote no melhor Sexiconto e melhor Seximagem! http://seximaginarium.blogspot.com/
    bjsss
    bom domingão!
    LEO

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  3. sentimental: concordo com vc... realmente. O risco é o amparo da vida. Obrigado pelo coments! =D
    E léo: TA VOTADO! ehehhehe Abraço!

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