quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Os Filhos de Saturno


Foto de Bertil Nilsson retirada do site Hypeness

Eu gosto é mesmo assim, ela disse.
Do cheiro, ela disse,
que fica quando, ela disse

O sujeito alisa os dedos, esfrega-os em profundeza
curte?, ele disse.
ela geme.
Passa no rosto da companheira que ri, gargalha.
O sangue
Dá mais tesão, ela disse
vai, quero ver.

O vermelho vivo, o gosto sem lacres.
Mais úmido que nunca, ele disse
Mais fundo, ela disse
Mais forte, ele
e assim

Do ventre, extirpados os restos, um ser que nunca virá:
nem do vermelho, nem do branco leite que banha a mulher - tão maior, tão infinitamente maior que eles.
Anos depois, caída num banheiro velho cheirando à tinta, estranhamente lembrará:
do jeito que se lambuzavam em festa
dos jogos que faziam.

Ela ri.

Do hálito, ainda, um gosto de sangue e o filho perdido no ralo de quanto?

Quatro meses?
É.
Porque chora?, pergunta o sujeito.

Só não chupo, ele disse
Então goza em mim, ela disse
ele goza
ela geme
os órgão rubros - dos dois
como todo interior - vermelho
sangue de vida morta, já mortos membros, espasmo.

Anos depois, ela pensará:
que ainda poderia ter sido ele,
mas não.
Existe em outro lugar.
Sem cheiro de sêmen ou ventre.

Era meu? pergunta o sujeito.
(ela consente)
Tão.

Esfrega na cara, vai, ela disse
enquanto o sujeito lambia-lhe as virilhas revoltas em sangue.

GAEL.

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