sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Trícia

Trícia me ama só quando bebe. Eu? Talvez não entenda, talvez finja entender e, quando bebe, me deito com ela. Trícia me ama num vácuo de loucura e incongruência, me tem por deboche, por estúpido que sou (onde faz seu querer) – então bebe mais.

Trícia me intimida e revida, é a tensão negada que agrega (ela me estraga). Trícia é toda doce em carícias, porém, entortada me enverga (daí levanta e me bate, me xinga – mas só quando bebe). Trícia me consome e você diz: por que não desiste? Estanca para fora tua boca, no que respondo: não. Não ouso a esquecer porque amo, poque se me apresenta como tal: vil e nunca sã (então, nestas horas difíceis a enxergo, vislumbro: que há nesta mulher uma distância, penumbra que necessita esquecer – como se em Trícia pousasse uma imensa escuridão). É no ressoar destas nódoas, porém, que ela se torna perfeita, clara, plena – e me joga seus medos se revelando natural, natural como somente uma mulher pode ser.

Ontem me deitei com Trícia, amanhã? Não tardará a me ter como um frouxo (pois não abandono) e me violentar com seus cuspes (porque não contrario), a me castigar com sua pele (em temidas separações) e quando mil vezes dormir ela em meu peito, olhos vermelhos de angústias e praga, há de se esvair toda em mim – bêbada (por quê Trícia? Do que? Não responderá). Vem dormir em minha carne para que, rijo, acalante teus sonhos, (meu) mais sóbrio desejo.

Gael

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Qualquer coisa que se encontre aqui é pornográfica. Mas apenas no ponto de transição onde nos encontramos. Tome o que valha nesse desafortunado ócio das auto-satisfações compulsivas.

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SEMPRE NOS LIMITES DA LITERATURA E DA PORNOGRAFIA. ESSE JOGO, PARA NÓS, É O QUE DÁ TESÃO...
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