segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Alyssia


Alyssia tomou meu último sustento: a fé. Me agarrei em Alyssia pra salvar qualquer fiapo de bom moço que eu ainda carregava comigo. Sempre é assim, eu sei, não tem jeito. Encontrei-a num pub em São Paulo. Nem me dava bola. Eu, cara de bobo, ela, toda mulherão. A imagem de Alyssa é pra mim uma lilith; mas ela, ela mesma, é uma pura menina. "como chama? - pode chamar hei você"... "tem telefone? - sim, sansung preto, modelo tal"... "bebe alguma coisa? - é claro docinho (me chamou de docinho) bebo água todo dia"..."pq.p! Tá a fim de dançar, pelo menos? - achei que nunca ia perguntar" disse ela, por fim. Pelo mal da minha última serenidade! Foi uma dança, um beijo, um tchau e um número de telefone apressado. Liguei. No outro dia já passávamos a tarde inteira juntos. A fé me atirou pra Alyssia. A fé de que desse qualquer coisa certo. A fé de que eu amasse Alyssia. A fé de ter em Alyssia a presença perene de um conjunto de pessoas que eu havia perdido no tempo - e certamente misturado na memória. Hipocrisia minha, não? Eu sei. Era uma busca: a língua de Alsyssia era Katiuchia, o toque de Alyssia era Cheila, a segurança de Alyssia era Rachel, a serenidade que tive com Alyssia era de Eneide (sim), a voracidade e o colo (tão estranhamente o colo) de Alyssia eram Carmella. Até as máscaras e disfarces de Marco, que talvez tenha sido o foco pontual daquela minha paixão, eu via encenadas no rosto de Alyssia. Montei uma quimera milímetros acima da pele daquela mulher, menina. Disse antes que Alyssia havia me tomado algo não disse? Mas eu levei muito mais coisas dela quando, numa tardezinha mequetrefe, falei sereno "não te quero mais". Foi uma troca. Nada justa com ela. O que é um pingo de fé, afinal?


Você notou que o único título que começa com o nome de um personagem foi o desse post? Alyssia. Eu devo muito a ela, como outras e outros devem a mim. Nem sempre é justa essa jogatina dos egos, dos gostos e dos sexos. Risco (de verbo e traço) sim. Não tenho nada de útil a acrescentar ao cotidiano frenético de Onan, que aqui venho descrevendo. Minha última aventura de auto-satisfações foi tão frouxa como qualquer transa com putas baratas. Acho que o climax contínuo me extirpou uma grante parte do prazer que tinha em mim (voltado para mim). Preciso me distanciar, esquecer o tato um pouco...


ps: todas as fotos foram retiradas do domínio deviantart digitandos-e "couple" na categoria "artistic-nude".

2 comentários:

  1. Logo ao terminar de ler, me deu um dó tão dilacerante de Alyssia.
    ñ ter sido considerada forma, apenas reflexo,
    o reflexo de muitas deve doer...
    absurda e sinceramente.
    uma dor perpétua!

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  2. Alyssia é o que fazem constantemente com todos nós... com todos nós, branca.
    Super bjo!
    Bom ver vc comentando aqui!

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Qualquer coisa que se encontre aqui é pornográfica. Mas apenas no ponto de transição onde nos encontramos. Tome o que valha nesse desafortunado ócio das auto-satisfações compulsivas.

- Nunca à pedofilia.
- Sexo sempre com segurança.

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SEMPRE NOS LIMITES DA LITERATURA E DA PORNOGRAFIA. ESSE JOGO, PARA NÓS, É O QUE DÁ TESÃO...
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